sexta-feira, dezembro 15, 2006

Almas Lavadas e Tragédias pessoais



Começo este post falando da violência.
Recebi um telefonema hoje, pouco antes da meia noite que se estendeu até agora 4:25, o tio de meu ex2 (só pra ficar claro) foi morto ontem, não se sabe como nem porque.
São duas possibilidades: Assalto ou atropelamento, no caso de atropelamento, o motorista fugiu sem prestar socorro e alguém ainda o roubou.
Ele foi encontrado às 3h da manhã, ainda com vida, jogado na rua, com rompimento de estômago e fígado, traumatismo craniano, e escoriações por todo o corpo.
Foi feito um saque de 200,00 reais de sua conta e não foram levados cartões de crédito, documentos, ou objetos pessoais.

Triste, absurdo, inadmissível, não sei como este mundo vai acabar.
Este fato gerou muita dor e indignação na família, hoje foi realizada uma cerimônia pré cremação, pois o corpo deve permanecer a disposição para investigação por alguns dias.
Todos seguiram para a casa do falecido e o ex estava sozinho, triste e me perguntou se poderíamos conversar.
Jamais fui uma pessoa insensível, imediatamente aceitei a conversa e me esforcei para dizer algo bom, apesar de acreditar que nestas horas não existem palavras de consolo.
A conversa sobre a morte durou 1h e dali seguiu para a o pessoal, mas fluiu de forma madura, sem crises, sem neuras, sem brigas.
Foi uma conversa franca onde muitas coisas foram colocadas e reveladas.
Não me sinto mais disposta a meias verdades, nem a poupar ou ser poupada.
Enquanto ele me explicava os fatos que o levaram a entender os porquês de nossas falhas e desentendimentos, senti a necessidade de revelar os meus próprios motivos, meus dramas, minhas dores,meus medos e traumas.
Jamais fingirei ser quem não sou novamente, nunca mais me esconderei atrás das falhas dos outros.
Isso me levou a revelar as minhas, da forma mais honesta possível.
Contei tudo desde o princípio.
Meus erros, fugas, castigos e apatia.
Expliquei porque estou diferente, porque renasço a cada dia e lhe pedi que fizesse o mesmo com a vida dele.
Não lhe dei detalhes, não revelei o que se passa atualmente pois nada tem a ver com ele, mas o resto todo foi contado em detalhes.
Houve alguns minutos de silêncio e então descobrimos que nossas falhas foram muito parecidas, os mesmos sentimentos que eu tinha sobre como deveria funcionar o amor e que ajudaram a detonar a relação contigo, também eram os dele em relação a nossa.
Reconheceu que aos 44 anos deveria ser mais maduro e entender as coisas de forma diferente.
Entendeu que jamais houve amor para manter isso por tanto tempo, que dirá por mais.
Me mandou tentar recuperar o tempo perdido e me aconselhou a ser feliz, mesmo que por poucos momentos, a me condenar a infelicidade eterna por ter agido errado no passado.
E também entendeu que o mesmo vale para ele.

Me sinto mais leve, mais tranqüila, mais normal.

Aparentemente daqui frente somos pessoas diferentes, conscientes e que aprenderam a aceitar que nem tudo na vida é perfeito, nem tudo é como a gente gostaria, eu com você, ele comigo.
Foi difícil pois o inicio da conversa foi muito pesado pelos acontecimentos, mas depois simplesmente fluiu.
Se eu tivesse conseguido ser eu mesma durante toda a minha vida, muita coisa teria sido diferente.
Repito:
A cada dia uma nova lição!

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